12 de dezembro de 2025
#Autismo e TEA

Por Que Me Interpretam Mal? Entendendo o Jeito Diferente de Sentir e Pensar

Homem sentado sozinho com expressão de frustração e solidão em ambiente interno iluminado suavemente

Ao longo da vida, já perdi as vezes em que alguém olhou estranho para mim depois de um comentário simples. Às vezes, sinto que tudo o que digo chega ao outro de forma distorcida, como se estivesse falando outro idioma, mesmo no meio da família ou entre amigos de infância. Se você também já se sentiu assim, não está sozinho. Para mim, isso ficou ainda mais claro depois de entender melhor sobre neurodivergência, principalmente meu TDAH, autismo, traços de borderline e superdotação. São experiências diferentes convivendo num corpo só e bagunçando o jeito como percebo, sinto e me relaciono.

Quando o que falo se perde pelo caminho

Lembro de várias situações em que um simples comentário virava motivo de mal-estar, discussão ou afastamento. Uma vez, numa conversa de almoço em família, achei que estava só explicando por que não me organizava como a maioria das pessoas. Usei uma metáfora meio arriscada, admito, tentando resumir o senso de confusão interna que eu sentia. O resultado? Ouvir de volta que eu era desinteressado e irresponsável. Aquilo me cortou profundamente.

Na escola, quando respondia rápido demais – ou lento demais, dependendo do contexto –, sofri bullying, alfinetadas e, às vezes, até isolamento da turma. Mais tarde, no ambiente profissional, o padrão se repetia. Tentar explicar uma ideia, ou discordar de algo sem rodeios, parecia soar como arrogância, insensibilidade ou teimosia. A sensação era de estar sempre nadando contra a corrente apenas por pensar e sentir de forma diferente da maioria.

Grupo em reunião de trabalho olhando confusos para uma pessoa O papel da neurodivergência nos mal-entendidos

Descobri, depois de anos de tentativas e erros, que meu jeito de processar informações é mesmo diferente. Neurodiversidade, como explicam em materiais educativos sobre o tema, envolve cérebros que pensam fora do “padrão” considerado típico. Em meu dia a dia, o hiperfoco do TDAH me faz esquecer o entorno. Já o autismo dá palco para uma comunicação mais direta, sem tantos rodeios sociais. E minha superdotação puxa reflexões profundas ou ligações pouco óbvias, deixando os outros sem contexto.

O problema é que nem sempre as pessoas estão preparadas para lidar com essas formas de expressão. O diferente vira estranho. Piadas literais podem soar secas. Comentários honestos demais são confundidos com grosseria ou arrogância. Até o silêncio, em certos dias mais sobrecarregados, acaba sendo interpretado como desdém, quando na verdade é só cansaço ou necessidade de reorganizar os pensamentos.

Exemplos reais: quando tudo desanda

Poderia fazer uma lista longa de episódios assim. Mas vou dividir alguns que mais me marcaram:

  • No começo de um relacionamento, ser sincero sobre o que sinto foi visto como falta de tato, quando só queria abrir meu coração.
  • Em apresentações de trabalho, perguntas feitas sem rodeios geraram desconforto: soavam como críticas diretas, não como curiosidade real.
  • Em reuniões de família, esquecer um evento ou responder de forma “seca” fez alguém pensar que eu não me importava, quando na verdade eu estava apenas extenuado mentalmente.

Cada situação dessas trouxe uma lição dolorosa. Não só pelo mal-entendido, mas pelo eco que vinha depois: o autoquestionamento. Será que estou me esforçando pouco? Será que sou mesmo insensível? E, pior, aquela solidão característica de quem sente que nunca vai “encaixar”.

Pessoa sentada afastada de um grupo social, olhando para baixo em reflexão O impacto invisível: solidão e o peso do julgamento

Se tem algo que dói fundo é outra pessoa olhar para o meu jeito e me classificar de apático, mal-humorado, egoísta ou “estranho”. Por dentro, parece muito injusto, porque sei o quanto tento me fazer entender. Com o tempo, a frequência desses episódios me deixou retraído. Passei a evitar opinar, me retraía para evitar confusão, e, por vezes, quase perdi a vontade de tentar criar novos laços.

No entanto, com autoconhecimento, percebi que o risco de ser mal compreendido não significa estar quebrado, mas sim falar de outro lugar, de outra perspectiva.

Como tento lidar com esses julgamentos e desencontros?

Busquei pequenas estratégias para diminuir os ruídos entre o que penso e o que chega no outro. Compartilho algumas delas:

  • Rever minha comunicação. Tento ser mais claro, usar exemplos e evitar jargões pessoais. Às vezes, falo devagar para dar tempo da outra pessoa absorver.
  • Pedir retorno sincero. Depois de conversar, pergunto como fui entendido. “Fez sentido o que te falei?” – Essa pergunta abre espaço para dúvidas e correções amigáveis.
  • Aprender sobre empatia mútua. Procuro não julgar também o outro lado. Cada um tem um jeito de entender o mundo.
  • Acolher meus próprios limites. Quando sinto que me exigi demais ou fui mal compreendido, dou um tempo para mim mesmo e procuro não me cobrar tanto.

Além disso, buscar conteúdos que falam sobre altas habilidades e superdotação adulta me ajudou a entender melhor algumas dessas diferenças internas.

Ser autêntico, mas também respeitar o processo

Com o tempo, percebi que é impossível controlar totalmente como o outro vai receber cada palavra. Mas posso sim cuidar do jeito que me expresso e tentar melhorar, sem abrir mão da minha autenticidade. Textos como relatos sobre os desafios da superdotação e características de quem pensa “fora da curva” foram me mostrando novas formas de enxergar essas dores – e até certo orgulho de quem sou.

Viver sendo “mal interpretado” não significa que minha voz não tem valor.

O que realmente funciona para superar essas barreiras?

  • Buscar autoconhecimento constante, reconhecendo meus pontos fortes, vulnerabilidades e formas preferidas de interagir.
  • Encontrar pessoas que acolhem a diversidade, mesmo que sejam poucas.
  • Insistir em construir pontes, não paredes. Nem sempre consigo, mas insistir em explicar, remarcar e tentar de novo já mudou algumas relações importantes.
  • Permitir-se mudar de abordagem de tempos em tempos, se aquela velha estratégia não está funcionando.

Sigo desenvolvendo essa habilidade de alinhar a comunicação e, ainda assim, celebrar o jeito único de sentir o mundo. Afinal, aprender sobre neurodiversidade é também aprender sobre paciência, empatia e resiliência – comigo e com os outros.

Conclusão

Ser mal compreendido, especialmente quando se tem TDAH, autismo ou altas habilidades, pode machucar bastante. Ainda assim, entendi que minha dificuldade de ser entendido fala mais sobre o encaixe de perspectivas do que sobre algum erro pessoal grave. O caminho passa por ajustar a forma de falar, praticar o acolhimento e se cercar de pessoas abertas à diferença.

Buscando autenticidade e autoconhecimento, consigo aos poucos reduzir a frustração e fortalecer vínculos verdadeiros, respeitando o jeito único de cada um perceber a vida.

Perguntas frequentes

O que significa ser mal interpretado?

Ser mal interpretado é quando aquilo que falo ou demonstro não chega ao outro da forma como eu pretendia. Isso pode gerar confusão, discussões e afastamento. Para quem tem características neurodivergentes, esse desencontro pode ser mais frequente, pois nem sempre a expressão “sai” do modo esperado pela maioria.

Por que as pessoas entendem diferente o que sinto?

Cada pessoa tem referências, vivências, emoções e percepções próprias. Quando falo, minha experiência pode ser muito diferente de quem me escuta, e, se eu uso palavras diretas, metáforas distintas ou até o silêncio, o outro pode interpretar de forma oposta ao que realmente quis passar.

Como evitar ser interpretado de forma errada?

Não existe fórmula mágica, mas ajuda usar uma linguagem mais clara, pedir feedback durante a conversa, e buscar confirmar se foi entendido como queria. Tente adaptar seu tom à pessoa, usar exemplos concretos e checar se o outro compreendeu o que quis transmitir.

Quais sinais mostram que fui mal compreendido?

Os sinais variam, mas podem incluir: mudança de tom na conversa, respostas secas, olhares confusos, desconforto ou até silêncio repentino. Às vezes, a pessoa repete o que você falou com um sentido diferente, ou reage de um jeito inesperado.

Como lidar quando me interpretam mal?

Primeiro, respiro fundo. Procuro não levar para o lado pessoal e, se for importante, explico de novo com outras palavras. Quando possível, pergunto ao outro como entendeu minha fala, abrindo espaço para diálogo. E busco acolher meus próprios erros e limites, praticando paciência comigo mesmo.

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