Autismo e Eu: 7 Descobertas Sobre Minha Mente Única
Olhar para dentro nem sempre é um caminho fácil ou agradável, mas quando falamos de autismo, entender quem somos por dentro faz muita diferença. Por muitos anos, tentei adequar meu jeito àquilo que esperavam de mim. Só mais tarde percebi que minha mente autista era, simplesmente, um modo diferente de ser – jamais um defeito.
Escrever este artigo é como revisitar etapas importantes do meu próprio autoconhecimento. Talvez as descobertas que fiz possam ajudar outros a enxergar o valor e a riqueza que existe em cada mente neurodivergente. Trazer essas reflexões para o Felizmente – Onde a Esperança Nunca Morre é minha forma de mostrar que todo percurso tem luzes e sombras, mas também possibilidades inesperadas.
Cada mente autista carrega sua própria sinfonia.
1. O processamento sensorial: entender meu turbilhão interno
Uma das lições mais surpreendentes foi perceber que o que incomoda tanto não é birra, frescura ou apenas distração. Para mim, certos barulhos atingem como se alguém batesse uma porta dentro da cabeça. Cheiros fortes, luzes piscando, roupas com etiquetas – tudo pode virar motivo de desconforto ou até crise.
Algumas pessoas dizem que somos “exagerados”. Mas, enquanto para outros as sensações são pano de fundo, para mim elas gritam em primeiro plano. Ao descobrir que isso fazia parte da Perturbação do Espetro do Autismo, finalmente consegui buscar estratégias para aliviar esse turbilhão:
- Uso de abafadores de ouvido em ambientes barulhentos
- Preferir roupas sem etiquetas ou costuras incômodas
- Pausas regulares em locais com muita informação sensorial
Essas pequenas adaptações me deram fôlego para encarar a rotina sem chegar ao esgotamento. Boa parte desse aprendizado veio de conversas com outros autistas e do acesso à informação de qualidade, como o material sobre características sensoriais e autismo no site do Felizmente.
2. O mundo em imagens: o pensamento visual na minha experiência
Outra grande descoberta foi me dar conta do quanto penso por imagens. Tudo o que me contam, eu traduzo em filmes mentais. Se falam em uma árvore, na minha mente ela floresce detalhadamente: folhas, galhos, sombras dançando ao vento.
Para mim, palavras são quadros em movimento, não só sons na boca de alguém.
Perceber essa característica fez toda diferença, inclusive nos estudos e no trabalho. Passei a usar mapas mentais, desenhos, esquemas. Aprendi que, para explicar uma ideia, vale desenhar na lousa ou usar objetos. Com o tempo, fui aprimorando o uso do pensamento visual no dia a dia:
- Notas rápidas com rabiscos e setas em vez de longos textos
- Organizadores visuais para planejar tarefas
- Buscar vídeos e ilustrações para aprender conteúdos mais abstratos
Essa descoberta trouxe autonomia e mais segurança.
3. Comunicação: entre o silêncio e o excesso
Muitas vezes, fui rotulado como tímido, reservado ou distante. A verdade é que nem sempre entendi as regras não-ditas das conversas e das relações sociais. Ironias, segundas intenções e expressões faciais me confundiam facilmente. Outras vezes, eu falava demais e não percebia se alguém perdia o interesse.
Esses desafios se intensificam em grupos grandes ou ambientes desconhecidos. Aprendi, com o tempo, que definir combinados claros ajuda muito. “Prefere mensagem ou ligação?” ou “Podemos conversar agora?” – perguntas simples, mas que facilitam bastante.
Praticar a auto-observação ajudou-me a notar quando estou monologando e quando preciso ouvir mais. Também passei a pedir feedback sincero das pessoas próximas e a aceitar que, às vezes, o desconforto faz parte desse ajuste.
4. Interesses profundos: fonte de alegria e conexão
Se há algo comum entre autistas, é mergulhar fundo em interesses bem particulares. Já fui apaixonado por plantas, computadores antigos, mapas e até pontes de ferro. Quando algo me fascina, quero entender cada detalhe, cada nuance. Não é mania; é quase uma necessidade física de explorar esse universo.
E o mais bacana: descobri pessoas incríveis com as mesmas paixões, que respeitam esse jeito entusiasmado de ser. No projeto Felizmente, encontrei espaço para expressar esses interesses e valorizá-los em vez de escondê-los.
Permitir-me cultivar meus interesses trouxe significado à rotina e, muitas vezes, abriu portas para amizades e novas oportunidades de crescimento.
5. Rotina e previsibilidade: aliados do bem-estar
Muitos veem o amor pelo planejamento e a necessidade de rotina como um traço rígido. Para mim, é sinônimo de segurança. Quando sei o que esperar do dia, me sinto menos ansioso. Mudanças bruscas, atrasos ou imprevistos podem causar confusão e, em dias mais sensíveis, até crises.
Rotina não é prisão, é abrigo.
Algumas estratégias que funcionaram comigo:
- Quadros de horários visíveis para organizar compromissos
- Alertas no telefone para lembrar transições entre atividades
- Reservar períodos livres entre tarefas importantes
Essas dicas só foram possíveis porque parei de tentar negar minha natureza. Ao contrário, aprendi a acolhê-la.
6. Autocuidado: identificar limites e valorizar o descanso
Com o tempo, percebi que ignorar meus limites físicos e emocionais nunca acaba bem. Antes, achava que precisava estar disponível, agradando todo mundo o tempo inteiro. Resultado? Chegava à exaustão sem entender o porquê.
Descobrir a necessidade de pausas, momentos de silêncio e autocuidado foi libertador. Praticar hobbies tranquilos, criar rituais matinais e aprender técnicas de respiração são recursos valiosos. No acervo de materiais educativos do Felizmente, encontrei recursos que me apoiaram nesse processo.
Hoje, priorizo:
- Pequenas pausas a cada hora de atividade
- Reduzir compromissos sociais seguidos
- Tempo sozinho sem culpa, só para recarregar as energias
7. Autoaceitação e neurodiversidade: a potência de ser diferente
Se pudesse resumir tudo que aprendi até aqui, diria que autoaceitação não acontece de um dia para o outro. Reconhecer minhas particularidades me ajudou a enxergar minhas forças – e aceitar também as dificuldades.
O conceito de neurodiversidade foi um divisor de águas. De acordo com a Organização Mundial de Saúde, cada vez mais pessoas estão sendo reconhecidas com autismo, o que, felizmente, favorece o entendimento da diversidade de cérebros e habilidades. Descobri, inclusive, que, em Portugal, cerca de 1% das crianças em idade escolar têm autismo.
Mas os desafios continuam grandes para os adultos. Segundo especialistas, muitos adultos não têm acesso a serviços adequados e vivem anos sem diagnóstico, sentindo-se “fora do lugar”. Foi assim comigo. Só consegui entender meu lugar no mundo quando descobri minha neurodivergência – e quis partilhar esse processo.
Hoje, acredito que nossa diferença é tesouro, não obstáculo. Apoiar outros nesse caminho é missão do Felizmente, Onde a Esperança Nunca Morre, onde partilhar vivências ajuda a fortalecer a autoestima coletiva.
Quem se sente perdido pode encontrar inspiração no material de educação e conscientização para autistas e outras condições divulgado pelo projeto. Para quem busca exemplos de superação, o relato de Gustavo Braga é um incentivo: ele levou 18 anos até compreender o próprio autismo, e hoje transforma esse saber em apoio real para outros.
Práticas que me ajudaram no cotidiano
- Buscar ambientes que respeitem as diferenças sensoriais
- Conversar com pessoas que também vivem a neurodiversidade
- Ler sobre autoconhecimento e saúde mental
- Procurar suporte profissional quando necessário
- Valorizar cada progresso, mesmo que pareça pequeno
Meu cérebro não é melhor nem pior, é apenas outro caminho possível.
Abrace sua singularidade: uma nova forma de enxergar
Reconhecer que o autismo faz parte de quem sou mudou tudo. Descobri o valor de respeitar meus limites e de celebrar meus talentos. Aprendi a buscar espaços onde possa existir sem pedir desculpas. Se você também sente que sua mente funciona de outra maneira, saiba que não está sozinho – há comunidade, há acolhimento, há maneiras de construir um cotidiano mais leve.
O projeto Felizmente, Onde a Esperança Nunca Morre nasce para ser esse espaço de acolhimento, empatia e informação. Se você busca trocar experiências, fortalecer sua autoestima ou encontrar materiais de apoio, convido a conhecer melhor nossa iniciativa. Juntos, vamos provar que toda mente única é fonte de esperança e transformação.
Perguntas frequentes sobre autismo e mente única
O que é autismo e como afeta a mente?
O autismo, ou Perturbação do Espetro do Autismo (PEA), é uma condição neurodesenvolvimental que afeta a forma como a pessoa percebe o mundo, reage a estímulos sensoriais e interage socialmente. Cada pessoa autista tem particularidades, mas podem existir diferenças na comunicação, interesses focados e padrões de comportamento mais rígidos. Essas nuances tornam cada mente autista única.
Como identificar sinais de autismo em adultos?
Os sinais em adultos podem ser discretos, mas geralmente envolvem desafios de comunicação, dificuldade em entender sutilezas sociais, hiperfoco em interesses, sensibilidade sensorial e necessidade acentuada de rotina. Muitas pessoas só percebem esses padrões ao buscar mais informações ou ao ler relatos de outros adultos. No guia para adultos e adolescentes do site Felizmente existem orientações detalhadas.
Quais são os principais desafios do autismo?
Entre os maiores desafios estão a sobrecarga sensorial, o estresse em ambientes pouco previsíveis, a solidão causada por dificuldades de comunicação e, em alguns casos, o acesso limitado a suporte especializado, especialmente na vida adulta. Muitas vezes a compreensão e inclusão social ainda podem ser obstáculos diários.
Existe tratamento para autismo no adulto?
Não existe cura, mas há suporte para adultos autistas que desejam melhorar a qualidade de vida. Terapias de apoio, acompanhamento psicológico, grupos de convivência e adaptações na rotina contribuem para o bem-estar. Entretanto, em Portugal, muitos adultos ainda enfrentam falta de serviços adequados. Buscar autoconhecimento e redes de apoio, como as propostas pelo projeto Felizmente, são passos valiosos.
Como posso entender melhor minha mente única?
Autoconhecimento é um processo contínuo. Conversar com outras pessoas neurodivergentes, buscar informação de qualidade, acessar materiais educativos e refletir sobre as próprias experiências são caminhos potentes. O portal Felizmente, Onde a Esperança Nunca Morre oferece informação acessível, apoio emocional e um espaço para descobrir seu potencial de forma acolhedora.
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